Os intermediários financeiros suíços são os maiores compradores de petróleo da Guiné Equatorial, tendo ficado com 90 mil barris por dia em 2011 e 2012, segundo o Instituto de Governação dos Recursos Naturais, uma organização não-governamental na Suíça.
“Na Guiné Equatorial, as companhias suíças são os maiores compradores de petróleo ao Governo. Os dados identificados sugerem que a companhia nacional do petróleo, a GEPetrol, vendeu pelo menos 90 mil barris de petróleo por dia em 2011 e 2012″, lê-se no relatório com o título ‘Big Spenders — Swiss trading companies, African oil and the risks of opacity’ (Grandes gastadores — os intermediários suíços, o petróleo africano e os riscos da opacidade).
“Os dados, bem como as notícias da imprensa, indicam que uma parte do crude do Estado é vendido através de uma empresa intermediária, a Stag Energy”, sobre a qual não existem dados oficiais e públicos que permitam escrutinar a fundo as suas actividades, afirma o documento que foi agora divulgado.
Os intermediários suíços “compraram mais de 40% do volume de exportações identificado vendido pela GEPetrol em 2011, 2012 e 2013″, escreve no texto, que explica que “para pôr isto em perspectiva, o valor destas vendas representou 28% do total das receitas governamentais em 2011 e 36% em 2012.
Entre as várias empresas nomeadas no relatório, esta ONG elenca a Trafigura, “que só por si parece ter comprado mais de 20 milhões de barris em três anos, tendo pago ao Governo 2 mil milhões de dólares ou mais”.
No relatório, os três investigadores desta organização não governamental dão conta das “relações obscuras” que existem no mundo do petróleo nos países da África subsariana e revelam que as vendas de petróleo, entre 2011 e 2013, representam mais de 250 mil milhões de dólares, o equivalente a uma média de 56% das receitas dos dez maiores produtores de petróleo nesta região (Angola, Camarões, Chade, Costa do Marfim, República do Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Gana, Nigéria e Sudão do Sul).
A Guiné Equatorial, deverá ter uma ligeira subida na exploração: em 2005, a produção atingiu o pico de 376 mil barris, mas estes valores caíram para 297 mil em 2011 e deverá ter andado pelos 346 mil no ano passado, sendo previsível, de acordo com as estimativas da consultora Business Monitor Internacional, uma subida para 376 mil barris no próximo ano.
Estes valores, no entanto, têm sido contestados por várias organizações internacionais, que afirmam que os níveis de produção estão a ser ou exagerados para esconder a incapacidade do regime em lidar com complexas operações tecnológicas, ou subavaliados para disfarçar a captura das receitas petrolíferas pela classe dirigente.